domingo, 29 de março de 2009

Educação Profissional, Realidade Local e Política Pública

O presente trabalho, relatando sobre um dos programas existentes no Brasil em vista do desenvolvimento local, encaixa a necessidade de uma política pública mais direta e concreta, a partir de estudos e pesquisas que mostrem a realidade e necessidade local, para melhor aproveitamento dos talentos localizados, no desenvolvimento comunitário, numa visão global.

A visão da Educação Profissional e Tecnológica como instrumento de desenvolvimento da sustentabilidade local, nos remete à lembrança da complexidade do conteúdo das políticas educacionais no Brasil, devido à influência neoliberalista do Banco Mundial, que financia mas exige contrapartidas que vão de encontro aos anseios educacionais da sociedade brasileira e desconsideram a diversidade existente na país.

Por ser um país com dimensões continentais, temos uma grande diversidade de povos e culturas, climas e condições de produção, carências e sobras de matérias primas e produtos prontos para consumo, profissionais aptos sem ocupação e vagas sobrando em outros campos, ricos que esbanjam e pobres que não possuem o mínimo para sobrevivência.

Há no Brasil, alguns programas governamentais direcionados ao desenvolvimento de potencialidades locais, como o programa “Mulheres Mil”, estruturado nos eixos: educação, cidadania e desenvolvimento sustentável, criado com o objetivo de promover a formação profissional e tecnológica de mil mulheres das regiões Norte e Nordeste. O programa ajuda no cumprimento das metas do milênio, promulgado pela ONU, em 2000 e acordado entre 191 países, e já decorre da Agenda 21, acordada durante a ECO-92. Dentro do Programa, há vários projetos que incluem EJA (Educação de Jovens e Adultos), empreendedorismo, cooperativismo, cidadania, etc., que visam potencializar a capacidade geradora de conhecimentos, no caso específico, de mulheres, com possibilidade de geração de trabalho e renda e inclusão social. O que pesa, é a nomenclatura de “Programa”, fadado à temporalidade, à descontinuidade, o que deixa a comunidade sem acompanhamento, sem o devido preparo e sem instrumentos e ferramentas para andar sozinha.

A Educação Profissional e Tecnológica adequadamente programada, com a participação da comunidade, partindo da realidade local com uma visão global, numa política pública formulada para propiciar a descoberta de talentos, campos de aplicação e necessidades locais, pode realizar sua parte contributiva, muito mais do que vem realizando, no desenvolvimento do indivíduo, liberando sua capacidade geradora de conhecimentos e atitudes de inserção e interferência na realidade local, inteirada ao global, partindo de um dia-a-dia de acomodação e espera pelas migalhas prontas que caem da mesa governamental, tipo bolsa-família, para uma ação direta no seu próprio desenvolvimento, na visão de fazer viver, dar vida e ação às potencialidades ao seu redor.

A visualização desse planejamento se dá a partir de uma pesquisa localizada, buscando potenciais inexplorados, anseios e talentos reclusos, subdesenvolvidos ou mal aplicados de jovens, adultos e crianças, que representam um vasto campo aberto à ação da educação profissional e tecnológica. Um exemplo: Onde e quantos cursos profissionalizantes temos na área agrícola, que possa incentivar, juntamente com outras políticas, a permanência do jovem e sua família no campo, reduzindo o inchaço nas periferias das capitais? Que talentos podem ser desenvolvidos para o empreendedorismo? Se o que se propaga, é que o emprego de carteira assinada está em declínio, por que a maioria dos nossos jovens são preparados para serem empregados?

Há de se elaborar uma política educacional que respeite, liberte e desenvolva esses potenciais onde eles são encontrados, para que possam ali mesmo gerar frutos e capacidade de absorver e intervir no global que os invade, sem contudo, perder sua identidade e especificidade comunitária.

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